sábado, 31 de julho de 2010

Calvin e Haroldo

     Sábado à noite, dia de relaxar um pouco da rotina 'trabalho/estudo'. Lembro-me de uma vez, com meus 8 ou 10 anos, sentado ao lado de meu finado pai, com a parte dos quadrinhos do jornal O Estado de S.Paulo em mãos, ele me mostrou a tira do Bill Watterson, Calvin e Haroldo. Até hoje, lembro-me de suas palavras, dizendo que aquele era o quadrinho mais inteligente que já fora publicado. Na época não concordei muito, afinal de contas eu gostava mesmo era das tiras da Turma da Mônica.
     Esses dias, navegando pela blogosfera, voltei à infância e às suas boas recordações, ao ler as duas tiras que publico a seguir.
     Essa tira foi publicada oficialmente em 31 de dezembro de 1995. Foi a última tira publicada antes da aposentadoria de seu criador. Para quem não conhece, e não leu acima a biografia do Calvin, trata-se de um garoto de 6 anos, que tem um tigre de pelúcia como amigo imaginário.
     A tira ao lado foi desenhada por um fã da série e retrata uma possível continuação da última tira. Os "remédios" citados são para tratar o TDA (transtorno do déficit de atenção) de Calvin. Mas, mais do que isso, a tira demonstra o momento exato de sua saída da infância e o começo da visão do mundo com os olhos de um pré-adolescente, que não vê mais sentido em bichos de pelúcia e brincadeiras inocentes na neve.
     E isso acontece com todos. A busca pelo trabalho, pelo estudo, pelo aperfeiçoamento constante, pelo dinheiro, pelo reconhecimento, status, conforto.... enfim, a busca pelos anseios humanos, muitas vezes nos faz esquecer dos detalhes e dos momentos que realmente fazem a diferença em nossa vida. E nisso, se relaciona o estudo para concursos.
     É imprescindível que estudemos com afinco, porém sem nunca deixar de lado pessoas e momentos importantes, pois elas sim devem ser a razão de toda nossa dedicação.
     

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sobre cursos online, offline e telepresenciais

     Continuando com o norte para os que estão iniciando essa jornada rumo à Receita Federal, analiso agora alguns dos principais cursos ou sites de video-aulas para concursos. Reitero que são opiniões pessoais apenas sobre cursos com os quais tive contato, não expressando, por absoluto, uma verdade incontestável.

    
- O Ponto dos Concursos é um site criado pelo professor Vicente Paulo. Sua metodologia é através de aulas offline em modelo .pdf, nas quais o professor escreve de maneira objetiva e direta, primando pela objetividade e, nos casos de cursos pós-edital, seguindo fielmente o que o edital pede. No último concurso para a Receita, algo em torno de 70% dos aprovados estudaram por esse método. Obviamente, não exclusivamente por esse método. Pelo site já passaram excelentes professores, tais como a dupla João Antônio e Sérgio Carvalho, Gustavo Barchet, Ricardo Alexandre, Rodrigo Luz, dentre outros.

Prós:
-Cursos estilo 'on demand'; o professor ensina aquilo que cai na prova, ou pelo menos o mais provavel de cair.
-Os cursos pós-edital se encaixam perfeitamente no que poderá cair e no que é pedido no edital. Assim, economiza-se tempo e não se estudam tópicos desnecessários.
-Professores selecionados e com boa didática.

Contras:
-Preço. Apenas um dos cursos de uma matéria chega a custar quase a coleção toda de livros para concursos da área fiscal de uma editora.
-Algumas pessoas sentem dificuldade em ler no monitor e, como algumas aulas chegam a ter 80 ou 100 páginas, imprimi-las acaba se tornando mais dispendioso ainda.


- O EVP é um site de video-aulas criado pelos professores João Antônio e Sérgio Carvalho, cujo baluarte é levar um ensino democrático e de qualidade para as diversas regiões do Brasil. Inicialmente, contava com apenas esparsas aulas de informática e matemática financeira. Hoje já conta com uma estrutura quase completa de cursos. Embora acabe não focando em nenhum concurso específico, o professor João já mantém registrado os domínios euvoupassarnaOAB.com.br e euvoupassarNAreceita.com.br. Quem sabe haja novidades num futuro.

Prós:
- Preço bem em conta. Por uma mensalidade de aproximadamente 30 reais mensais, o aluno tem direito a ver  quantas vezes desejar e baixar as video-aulas para assistir offline, gravar num tocador de vídeos, etc. O site mantém as video-aulas por um ano em seu arquivo.
- Há excelentes e renomados professores, tais como os próprios fundadores, o Gustavo Barchet, Sylvio Motta, Hugo Goes e  Claudio Borba.
- Sistema de fidelização de clientes, denominado de vipoints, o qual dá direito a descontos em livros, hotéis, etc, conforme a quantidade de mensalidades pagas.

Contras:
-Por não focar em nenhum concurso ou área, muitas vezes os vídeos acabam apenas tangenciando os assuntos de um concurso específico e tendo uma abordagem muito superficial de certos pontos e muito aprofundada em outros. As exceções são alguns cursos de algumas matérias feitas para determinada banca. Então, ao invés de ter 'raciocínio lógico para a Receita', tem-se 'raciocínio lógico para a ESAF'.
-E também por faltar um foco num concurso ou numa área, muitas vezes após o edital ser publicado, acontece de o curso estar em andamento e, no dia da prova, o curso ainda estar chegando na metade.
-Vídeos pesados (em Mb), em comparação com a qualidade e o tempo de duração (em torno de 15 minutos)

A rede LFG lançou o site Curso para Concursos como uma espécie de plus de suas aulas presenciais. Dessa forma, o aluno assiste as aulas na unidade física e as complementa em casa, na hora desejada, com as aulas online. Há os cursos regulares, que são pacotes básicos ("básico fiscal, básico jurídico, magistratura, etc...") e os pacotes avançados, que concentram na resolução de exercícios. Particularmente, indico o básico para quem tenha um dinheiro a mais para investir e quer conhecer no geral as matérias da Receita. E o avançado para quem já tenha uma base e queira lapidar o conhecimento. No ano passado o grupo lançou também o site Simulados na Web, com uma proposta interessante de simulados comentados, por professores especializados, em video-aulas a um preço bem acessível, algo em torno de 15 reais a matéria. Ponto positivo.

Prós:
-Comodidade de acesso às video-aulas para complementação do estudo em casa e tempo razoável de video-aulas (30 minutos)
-Bons professores e vários horários de turmas, inclusive finais de semana
-Plantão tira-dúvidas

Contras:
-O site restringe o acesso a 03 acessos por dia. Após isso o acesso só desbloqueia após as 24h.
-Download de vídeos não é permitido
-As aulas telepresenciais sofrem com delays e interferências de satélite.

Surgiu como uma aposta do professor de Tributário Alexandre Lugon. É tão bom (e caro) quanto o Ponto dos Concursos, porém baseado apenas em video-aulas. Assim como o LFG/CPC possui módulos básico e de exercícios, além de poder separar as matérias por blocos (como o bloco contábeis)

Prós:
-Nomes de peso como o próprio Lugon, Benjamin César, Cristina Luna, Carlos Borba e Kerlly Hubback
-Boa qualidade dos vídeos
-Há cursos pós-edital específicos. Assim, as matérias são vistas nos seus principais e mais pedidos tópicos

Contras:
-Preço. Alguns blocos de cursos chegam a custar mais de R$ 1.300,00. Note que eu escrevi "blocos". Assim, imagine o curso completo e específico para determinado concurso, como o da Receita, com mais de 15 matérias.
-O site restringe o acesso às aulas a determinada quantidade (05). Assim, se for assistir com uma conexão ruim que precise reiniciar, esqueça. Também não há a opção de download e os vídeos são excluidos após 60 dias.

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     Bom, então aqui estão minhas impressões sobre os 4 principais sites de aulas para concursos. Claro que deve haver mais, porém esses são os mais conhecidos. Só um detalhe que achei interessante; dos quatro, três parabenizam o mesmo primeiro colocado no concurso da Receita, por ter sido seu aluno. Portanto, creio que quem realmente aprove o aluno, não é nem o cursinho tal nem o livro tal, e sim o esforço e a dedicação pessoal do candidato e a sua perspicácia em valer-se das ferramentas que tem em mãos - e as que estão ao seu alcance - para atingir o seu objetivo.

That's all.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

À caminho da Receita Federal do Brasil, começos...

     Em virtude de várias pessoas estarem iniciando seus estudos para o concurso da Receita 201X, resolvi fazer esse posts com dicas, bibliografias e uma pequena resenha dos principais cursos para concursos online, presencial, telepresencial e congêneres. Antes de escrever, informo-lhes que esse blog e seu missivista não têm vínculo algum com qualquer curso, autor, professor, colégio, escola, site e afins e que, portanto, todos os comentários são estritamente pessoais e que opiniões diversas são aceitas e bem-vindas.

     Quando comecei meus estudos, mal sabia também por onde começar. Eu tinha um leve bom senso que todo aprendizado começa por uma boa base e, assim, peguei o edital e analisei quais as matérias que caiam no concurso da Receita e na área fiscal em geral. Pude constatar que há um núcleo básico de 5 matérias que caem em praticamente TODOS os concursos da área fiscal. E são matérias amplas, com muitos detalhes, pormenores e complexidades e, por isso mesmo, tornam-se a base, a estrutura, o alicerce sobre o qual todo o restante do conhecimento será erguido. As "fabulous five" são: Direitos Constitucional, Administrativo e Tributário, Contabilidade Geral e Língua Portuguesa. É como construir uma casa. De nada adianta um telhado lindo, com telhas de vidro, e piso de granito italiano se o alicerce não suportar a estrutura e tudo vier abaixo.
     Da mesma forma, essas cinco matérias formam o alicerce e o início de um estudo planejado para os concursos fiscais.
     Com isso em mente, iniciei os estudos pelo Direito Constitucional. Lembro-me de que meu primeiro 'livro' que comprei - e que todos devem ter, indiscutivelmente - foi a Constituição Federal (CF). Não precisa ser a comentada. Lembro-me bem de que comprei-a no site do Senado e que paguei, na época, 10 reais com o frete grátis. O site para comprar é www16.senado.gov.br/livraria/ . Depois, com o tempo, acabei aposentando a CF em livro e consultei-a apenas em sua versão digital direto do Site do Planalto. A vantagem do site é poder abrir duas abas com a CF e em uma ir lendo os artigos e usar a outra apenas para fazer a consulta dos artigos/parágrafos citados.
     A grande vantagem dos tempos atuais é termos a internet como aliada. Assim, só com as leis, regulamentos, tratados, normativos e as demais legislações que podemos baixar a um clique, economizamos uma dezena de reais. Nem sei como eu faria se não existissem as leis completas e compiladas em sites oficiais. Assim, pode-se encontrar, além da CF, o CTN, as diversas leis imprescindíveis para o concurso - tais como a lei 8112, a lei 6404, a LC 101, etc.

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     Conforme meu estudo ia avançando, percebi que  seria necessário investir em livros. No começo, minha ideia era ir na contramão; tentaria passar no concurso gastando o menos possível. Porém, percebi que não iria longe economizando em livros e gastando em bobagens. E, como guardar dinheiro é muito árduo, fiz uma grande compra e parcelei em diversas vezes no cartão de crédito.
     Abro um parêntese para dar duas dicas interessantes aos leitores: A primeira é que a Livraria Última Instância geralmente tem os preços mais em conta, além de dividir em até 12x sem juros no cartão. A segunda é que no site de algumas livrarias, como a Saraiva, o internauta recebe um cupom ao se cadastrar e ao fazer aniversário. Então, juntando o cupom de desconto de aniversário mais o do cadastro, a compra pode sair até uns 30% mais em conta. No orkut há algumas comunidades que ensinam o passo-a-passo.
     Voltando aos livros... após fazer uma pesquisa no fórum concurseiros, notei que alguns autores se sobressaiam e algumas livrarias, idem. Comecei pela coleção de 'Descomplicados' da dupla Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, do Ponto dos Concursos. Além desses, comprei o livro de Tributário do João Marcelo Rocha e Contabilidade do Ricardo Ferreira. Todos pela internet. Foi uma alegria ver aquela caixa chegando. Então, para concursos, basicamente três editoras dominam: Campus-Elsevier, Ferreira e Gen-Método. Qualquer livro da área fiscal de uma dessas três é indicado. Só não aconselho a comprar direto do site das editoras pois, santo de casa não faz milagre, e os livros acabam saindo mais caro do que nos sites acima citados.

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     Após esse primeiro momento, aconselho ao concurseiro começar a especificar o seu estudo. Dirigi-lo para a área que mais o interessa ou que ele tenha maior perspectiva de edital. Essas 5 matérias têm de estar impecavelmente na memória. No caso do concurso da Receita, adicionei Economia, Finanças Públicas, Estatística e Matemática Financeira. Pequei em não ter adicionado Comércio Internacional, visto que é praticamente impossível uma prova da Receita vir sem essa matéria. As demais, por serem matérias voláteis (que saem, entram; inconsistentes) aconselho a deixar para dar uma lida nas linhas gerais, ter um contato prévio de leve, para não chegar muito sem noção quando o edital for publicado.
     A grande surpresa do concurso de 2009, fora a prova discursiva, foi a saída da Informática. Lembro-me dos tópicos de dúvidas no fórum concurseiros com tópicos 'cabeludos' da informática, tais como redes e segurança da informação. A abordagem era bem profunda, como numa prova típica para os cargos de tecnologia da informação (TI). Acabei comprando a então aguardadíssima 4ª edição do livro do João Antônio, do, até então incipiente, Eu Vou Passar. Ficou, e ainda se encontra, apenas guardado na estante. Mas, são coisas da vida de concurseiro.
    
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     Dessa forma, os livros que particularmente indico para os iniciantes são:

Língua Portuguesa:
Se tiver dinheiro e tempo sobrando, a coleção de livros do Décio Sena. Caso queira algo mais sucinto, de gramática, o livro do Rodrigo Bezerra ou do Marcelo Rosenthal. Um que comprei e também indico é o Português na Prática do João Bolognesi e o Interpretação de Textos do Renato Aquino.

Espanhol ou Inglês
Aqui não tenho nenhuma indicação pois, como não cai gramática, creio ser mais proveitoso ler toda semana alguma notícia do NewsweekEconomist ou Financial Times. Obviamente, buscando por notícias que tenham a ver com tópicos econômicos, atuais, com alguma relação com o Brasil, enfim, usar o bom senso. Além, é claro, de buscar toda palavra desconhecida no dicionário que você comprou e pagou uma fortuna tradutor do google.

Raciocínio-Lógico
Aqui a coisa pegou. Além do RL puro, a Esaf camuflou matemática financeira, estatística inferencial e analítica. Creio que o livro do Enrique Rocha e a obra do Sérgio Carvalho e Weber Campos suprem pelo menos o mínimo para fazer uma boa prova.

Direitos Civil, Comercial e Penal
Aqui precisa ser algo sucinto e prático. Para garantir o mínimo e quem sabe uns pontos a mais com a sorte. Essas três matérias são gigantes e, se fosse pra derrubar candidato, não seriam três meses de estudo que iriam salvar. Então creio que, caso o próximo concurso as traga novamente, serão apenas para testar o básico. Um resumo de cada e ir estudando os tópicos do edital com as leis secas dão conta do recado.

Direitos Constitucional e Administrativo
CF, lei 8112 e demais legislações pedidas. De livros, os descomplicados do MA e VP. Depois da base teórica, é imprescindível o investimento em livro de questões comentadas e, nessa parte, gosto dos livros do Gustavo Barchet.

Direito Previdenciário
Estou estudando pelos livros de teoria e exercícios do Hugo Góes. Outro autor de que gosto bastante por suas postagens em forma de artigos, porém não conheço o livro, é o Ítalo Eduardo. Tem cara de ser bem didático.

Direito Tributário
De início, o livro do João Marcelo Rocha. Depois, o de questões comentadas do Barchet. Para aprofundar e se inteirar das súmulas e jurisprudências, o livro do Ricardo Alexandre.

Comércio Internacional
Aqui a unanimidade é o Rodrigo Luz. Embora o autor seja reconhecidíssimo e bem didático, eu não entendo porquê ele não fez um livro condensado com os tópicos que realmente caem no concurso da Receita. Então, para cobrir o edital, faz-se necessário comprar, além do livro de comércio internacional, o livro de relações econômicas internacionais. E, com edital em mãos, ir caçando os tópicos nos dois livros. Completo, porém bem trabalhoso...
Dizem que o curso do Ponto do Ricardo Vale também foi bem interessante. Esse eu não conheci. O autor lançou recentemente um livro de questões comentadas. Talvez seja a minha próxima aquisição.

Contabilidade Geral e Avançada
Aqui foi uma tempestade. Os anos de 2007, 2008 e 2009 foram cruciais para a Contabilidade. Muitas mudanças, muitos pronunciamentos, livros saindo e desatualizados... foi tenso. Aqui tive contato apenas com a coleção do Ricardo Ferreira, que estava desatualizada. Então, juntei o livro com a lei 6404 atualizada e artigos de professores que tentavam acalmar os concurseiros desesperados com as mudanças.

Auditoria
Manual de Auditoria, do Ricardo Ferreira

Economia/Finanças
Comecei pelo Viceconti e Silvério das Neves. Foi praticamente um estupro cerebral. Aquele monte de gráficos, fórmulas, retas, curvas, contas envolvendo Integrais, Diferenciadas, uns símbolos malucos... não entendia nada essa parte. A parte boa são os exercícios, que são comentados. Porém para quem está começando é um atentado violento à paciência.
Um livro que gostei e que compreendeu quase a totalidade do edital foi o do Marlos Vargas. Vale a pena investir. Há o de finanças também. Não me adaptei muito ao do Geraldo Goes, mas tem quem goste.

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     Termino, assim minha pequena resenha e indicação de livros para os iniciantes. Aconselho, também, a pesquisarem e tomarem a decisão por sua própria lucidez.
     No próximo post, uma pequena análise dos principais cursos online. Até a próxima.

sábado, 17 de julho de 2010

Corretagem e concursos, o pôker da vida real

     Quando sua vida se torna um jogo de pôker.

     Esses dias parei para refletir e encontrei algumas semelhanças de minha vida atual com um jogo de pôker.
     Quando me decidi em seguir pela carreira da corretagem, não conhecia muito do mercado e achava que fazendo uma venda ou, quem sabe, duas por mês, meus estudos estariam garantidos e sobraria algum recurso para a aquisição de materiais. Até cogitei a possibilidade de deixar essa coisa de concurso de lado e partir para voos altos na iniciativa privada. Ledo engano...
    Não que seja algo não rentável ou que lhe faça passar necessidade. Há corretores milionários, assim como há corretores que mal ganham para abastecer o carro.
     Mas, o que me fez refletir, foi a semelhança de minha situação atual - e de muitos concurseiros, suponho - com um jogo de pôker. Para quem nunca jogou ou não conhece, no pôker saimos com duas cartas na mão. São feitas as apostas. Aí vem o flop: 3 cartas colocadas na mesa. E mais uma rodada de apostas, geralmente mais altas. Em seguida vem o turn - mais uma carta e apostas - e por ultimo o river - e as apostas. O all-in é quando o jogador aposta todas as suas fichas naquela jogada. É um jogo de paciência, sangue frio, estratégia, concentração e atitude. Assim como a corretagem. E assim como os concursos.
     No caso dos concursos, o flop, o turn e o river é o tempo. Não sabemos quando o edital será publicado e com quais matérias cobradas, assim como não sabemos quais as cartas que nossos adversários possuem. As apostas de ambos são em dinheiro: enquanto que no pôker o dinheiro é contado em fichas, nos concursos o dinheiro é contado em horas de estudo, investimento em livros e cursos, custo de oportunidade  de trabalhar e estudar ou apenas estudar e tempo de lazer não usufruido. Ambas apostas são acumuladas no pot. E quanto mais o tempo passa mais o pot acumula.
     Com o edital publicado, vem o flop. Passamos a conhecer as cartas e com isso decidimos em prestar ou não prestar, em qual cidade fazer a prova, em quais matérias focar mais, em qual dispender menos esforço... ou seja, traçamos nossa estratégia e apostamos mais. E chamamos o turn e o river.
    A hora da prova é a hora do all-in, do tudo ou nada. Apostamos todas as nossas fichas, com sangue frio, atitude e coragem. É o clímax de toda a jogada - e do conjunto de jogadas - anteriores. Valendo todas nossas apostas e todo o pot de apostas; nossas, de nossos concorrentes, de nossa família e amigos e - principalmente - da banca.

     E, assim como a vida de Jamie Gold*, a nossa também pode ser transformada após essa jogada.


*Jamie Gold, americano. Participou em 2006 do evento principal do WSOP (World Series of Poker) e ganhou o maior prêmio já pago num evento televisivo: $12 milhões de dólares.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um Estranho no Ninho

Como sobreviver em um ambiente hostil de matérias desconhecidas

     Para os concurseiros de formações diversas às Humanas, Exatas ou Sociais - como eu - o primeiro contato com essas áreas do conhecimento pode assustar, desestimular e servir como barreira para o avanço e a continuidade do estudo.
     Lembro-me de comentar com um amigo da academia onde trabalhava como fisioterapeuta, logo após a prova da Sefaz/SP de 2006, que aquilo (direito e principalmente economia e contabilidade) não era para mim, que eram coisas de doido. Até lembro vagamente de ter comentado algo sobre não mais me aventurar nesse mundo dos concursos para a área fiscal.
     Porém, ao ter contato com o pessoal do fórum, percebi que a média tinha sido baixa nessas provas e aquilo me deu ânimo de continuar. Afinal de contas, poucas dezenas de pontos separavam os aprovados dos reprovados. Obtive forças para continuar estudando. Ou melhor, continuar aprendendo como aprender...
     Embora eu não tivesse nenhuma experiência ou conhecimento, fui impulsionado pelo senso-comum. Lembro-me de ter pensado "-Bom, preciso começar a aprender Direito. Acho que o mais correto seria eu aprender primeiro o Direito Constitucional, que deve ser o troco principal e depois ir adicionando os outros" Deu certo. No começo eu nem sabia a diferença entre o STF e o STJ. Não sabia sequer o que era discricionário; subjetivo eu achava que era algo "vago" rs. Comprei o DC Descomplicado e li inteiro, sempre procurando no dicionário pelas palavras desconhecidas, como na vez em que não sabia se o correto era usar "é vedado" ou "é vetado". Hoje vejo a evolução. O conhecimento acumulado é como o crescimento de nossos filhos. Só notamos quando vemos as fotos antigas e as atuais. O conhecimento acumulado só é notado quando comparado ao nosso conhecimento do passado.
     Mas, o grande Tilt mesmo veio com a Contabilidade. O primeiro contato, bem tangencial, que tive com essa matéria foi através de uma abostila apostila. Tratava-se de um Ctrl-C Ctrl-V (cópia exata) da lei 6404, misturado com alguma mal redigida e superficial teoria. Até então, não tinha surgido nenhuma dúvida, já que mal eu havia estudado. Porém a situação mudou quando entrei em contato com um material de verdade.
     No começo, tudo ok. Ao chegar na parte de lançamento, pensei "-ah, moleza... lançar é colocar no papel os gastos e as receitas, sem problema". Dei uma lida rápida na matéria e ao ir para os exercícios, quebrei a cara. Errava todos. Resolvi reler a aula com mais atenção. Chegando na parte de débitos/créditos, li lá algo como "os ativos aumentam a débito, portanto ao entrar dinheiro no caixa a gente debita". Li e ao terminar de ler a palavra 'debita' voltei os olhos na frase e exclamei: "-DEBITA?! Como assim?! Esse livro deve tá louco, deve ter sido erro de impressão. " Aquilo não entrava na minha cabeça. Como 'debita', se quando eu coloco dinheiro no banco ele é creditado na conta? Comecei a raciocinar - de forma errada - que em contabilidade era tudo o inverso. Não busquei - num primeiro momento - entender o motivo daquilo, qual o raciocínio que o 'inventor' daquilo tinha pensado daquela maneira.
     Após muito apanhar, comecei a raciocinar do porquê das coisas serem como são. Essa é uma ótima maneira de se familiarizar. Trazer exemplos para a vida real porém sempre entendendo o porquê do raciocínio ser do jeito que é.
    
     Mas, nada está tão ruim que não possa piorar. Lendo uma entrevista do Alexandre Meirelles, ele relata que Economia seria mais difícil do que Contabilidade. Pensei comigo "-Vou começar já a estudar Economia então pois deixar para depois do edital deve ser loucura". E realmente seria... Mais uma vez cai no erro de tentar entender tudo através de exemplos do mundo real. Amargamente aprendi que toda aquela loucura de ideias que pareciam apenas um encadeado de suposições que levavam a outras suposições fazia sentido.

    Dessa maneira, creio que as principais lições aprendidas para desbravar o desconhecido foram:
- Ter paciência;
- Ter a certeza de que se houve alguém que aprendeu, qualquer um também pode aprender;
- Que não precisamos reinventar a roda, apenas saber utilizá-la e aproveitar dos conhecimentos dos pioneiros da matéria;
- Manter a motivação;
- Jamais deixar algo desentendido e rolar o desconhecimento adiante;
- Buscar entender a razão do ser como é;
- Tentar trazer sempre os exemplos para a vida real, porém sempre bem embasado e fundamentado;
- Ter disciplina e persistência;
- Buscar sempre o melhor e mais didático material;
- E por último, e mais importante, fechar os olhos, respirar fundo 3 vezes antes de começar a ler a matéria e repetir mentalmente a cada inspiração: "você quer, você pode."



P.s.: Post dedicado a concurseiros, professores e ex-concurseiros que, mesmo formados em áreas totalmente desconexas às do concurso, brilhantemente, alcançaram o objetivo e deixaram para trás preconceitos, dificuldades e sentimentos de inveja. Meus parabéns.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Plano de Funções Gratificadas da CAIXA

     O usuário AVeloso do fconcursos postou um link que mostra o plano de funções gratificadas da CAIXA. Achei bem interessante os valores e já serviu para colocar uns pesos na balança sobre uma possível convocação simultânea para o banco e para a Sefaz/SP, no cargo de Técnico da Fazenda (antigo TAAT).
     Há prós e contras para ambos lados. Enquanto que na CAIXA a 'pressão' por resultados tende a ser maior, a possibilidade de ascenção é real e possível, visto que os processos seletivos internos pedem, em regra, um ano de empresa e curso superior em qualquer área.
     Já pesando pro lado da Sefaz, há o fato de o trabalho ser mais afim à área que estou estudando, além de ser um cargo com estabilidade estatutária. Por outro lado, analisando um contracheque desse cargo, pude perceber que o teto é algo em torno de 2800 reais bruto. Se vai aumentar com algum projeto de lei, só Deus sabe. Mas, em todo caso, deve ser aquém do salário de supervisor na CAIXA. Além do mais, não acredito numa possível reformulação do cargo de técnico da fazenda para transformá-lo em analista, visto que já há o cargo de especialista em gestão, que seria comparável ao analista da Receita.
    

     Enfim, o link para o PFG da CAIXA pode ser obtido clicando aqui.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

As novas tendências nos concursos

     Interessante como os concursos vem seguindo uma tendência. Parece até que o pessoal da alta cúpula que organiza os certames se juntam ao redor de uma mesa e traçam as diretrizes dos editais que sairão dali pra frente.
     Pudemos notar isso claramente o ano passado e retrasado. Comecou com a substituição da matemática nua e crua pelo raciocínio lógico-matemático, o qual engloba a matemática propriamente dita, o raciocínio lógico das tabelas-verdade, da argumentação e afins, a estatística, a matemática financeira, etc. Ou seja, trocou um por vários.
     Em seguida, alguns concursos - entre eles a Receita - tiraram informática da reta e, para o desespero ou alegria dos candidatos, incluiram provas dissertativas.
     Agora, com a publicação do edital do MPU, pude constatar que a matéria da vez é administração - em toda a sua plenitude. Assim, cobram teoria geral da administração, administração pública e administração financeira-orçamentária.
     Para o neófito, fica o desespero de encontrar material de última hora e a determinação em aprender uma matéria começando do zero.

A hora e a vez dos concursos-escada

     Concursos públicos são como plantações: há a época de semeadura, entressafra (nova ortografia rs), safra e colheita. Nesse momento, estamos em época de semeadura para o concurso da Receita e de safra para os concursos-escada.
     Prova disso, é a recente publicação do excelente concurso para o Ministério Público da União (MPU). Esse concurso costuma ser muito concorrido, tendo em vista a quantidade considerável de nomeações e o ótimo salário, mesmo em comparação com o setor público. (Pois comparar salário de setor público e privado é covardia).
    Assim que o edital foi publicado, corri para ler as informações principais como datas da prova, das inscrições, matérias para analista e técnico, formação necessária, vagas e cidades de realização do certame. A princípio, já esperava não haver prova nas cidades do interior, apenas nas capitais, portanto, nem me surpreendi. Porém, como as provas serão em dias diferentes - sábado para analistas e domingo para técnicos - conclui que seria muito dispendioso acabar prestando para os dois cargos. Teria de optar por um. 
     Analisei o edital para analista administrativo e percebi que era 90% idêntico ao de técnico. Estava certo em prestar para analista, porém alguns pontos me fizeram rever minha opção.
     Sem dúvida, a ideia é sempre obter o melhor. O melhor cargo, o melhor salário, o melhor local de trabalho... porém, como outras coisas na vida, às vezes é preciso ser humilde e reconhecer as deficiências e aptidões. Como naquele ditado, muito comum aos lutadores de jiu-jitsu, "ceder para vencer". Abrirei mão momentaneamente da possibilidade de passar num cargo que paga 60% a mais para tentar a possibilidade de exercer um cargo que certamente chama acima de 60% além do cargo de analista. Afinal de contas, a ideia não é me aposentar nesse cargo, e sim usá-lo como ponte para o almejado cargo de fiscal.
     Dessa forma, mudei minha estratégia. Prestarei para técnico e assim, quem sabe, terei chances reais de um dia ser chamado e melhorar - e muito- a qualidade dos meus estudos. Já que terei a despreocupação com a estabilidade e com "o salário do mês que vem".