sábado, 30 de outubro de 2010

As raízes de nossos erros

     Esses dias conheci um site de palestras simplesmente sensacional. Trata-se de uma organização americana não governamental e sem fins lucrativos que busca o conhecimento e a propagação de conhecimento entre as pessoas. Há palestras envolvendo estudos de universidades conceituadas como o MIT (Massachusset's Institute of Tecnology, algo como o ITA dos EUA), Carnegie Mellon e Harvard. Já assisti a vários vídeos e achei todos muito bem inteligentes e racionais, ótimo para quem gosta de pensar e ampliar seu conhecimento e horizonte. Deixarei, como dica, os três vídeos abaixo que foram os que mais gostei. Para ativar a legenda, clique em View subtitles e escolha Português - BR.







quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A sorte em minha porta bate

     Que legal! Acabei de receber a notícia de que eu fui sorteado para ganhar um exemplar do livro de Português da excelente prof. Claudia Kozlowiski. Gostaria de agradecer ao Forum Concurseiros pela oportunidade e à professora pela doação. No total foram 2068 participantes e apenas um sorteado. Nada mal para quem, até pouco tempo, não ganhava nem frango assado em bingo de quermesse rs.

AFRFB/09: Análises

       Em alguns concursos que prestei, no terço final da prova batia aquele cansaço mental, aquela vontade quase incontrolável de deitar, esticar as costas doloridas pela má posição, de tomar um banho quente, enfim, terminar logo aquele momento. Depois de alguns dias, ao sair o resultado, vinha a decepção: alguns poucos pontos separam os primeiros colocados da grande massa de notas medianas. Geralmente, e isso num concurso de nível médio é até mais explícito, os primeiros colocados têm entre 95% a 100% das notas mais altas. Do vigésimo ao 50º lugar, compartilham entre 85% a 95% e dali pra trás, dezenas compartilham a mesma nota.
     Analisando as notas do primeiro e do último colocado do último concurso da Receita (Anexos I e II), podemos ver o quanto cada questão vale a pena. Embora no concurso de AFRFB dificilmente alguém consiga 100% de aproveitamento nas três provas e na discursiva, o fato é que – no concurso passado - 24 questões e 7 pontos nas discursivas separaram o primeiro do último colocado. Considerando a diferença de 24 questões em um universo de 190, a porcentagem a menos de questões acertadas foi de apenas 12,63%. Analisando apenas as provas objetivas, a porcentagem de acertos do primeiro colocado foi de 87,36% (166) e do último 74,73% (142). São números bem próximos que separam o 1º do 427º colocado. E aí que podemos notar a linha tênue que separa aprovados de reprovados. Que separa aqueles que irão tomar posse daqueles que terão de se esforçar por mais longos anos até a próxima chance. Afinal, uma questão ou até mesmo uma vírgula pode separar o 427º do 428º (sei que nesse caso há os excedentes, mas note que o primeiro após o último dos excedentes deve ter sofrido muito e saber bem o que é ficar de fora por pouquíssimo).
     Outro aspecto que é interessante é a faixa de acerto dos aprovados. A menor nota em uma disciplina isolada ficou em 40% - no caso do último colocado – e 70% no caso do primeiro. O último não gabaritou nenhuma e o primeiro duas. A faixa de acertos global ficou entre praticamente 75% e 90%.
São números que nos permitem tirar algumas conclusões, as quais compartilho abaixo:

Cada ponto vale à pena
      Apesar do cansaço, do desgaste físico e mental, da sede, do sono, das dores nas costas, do barulho da sala, do tempo curto e de quaisquer outros motivos que possam nos fazer desistir no final de um dia de prova, devemos parar, respirar fundo, dar uma volta até o banheiro, molhar o rosto e a nuca, respirar fundo e voltar ao trabalho. Jamais devemos deixar aquele pensamento de “já perdi” invadir nossa prova na etapa final. Devemos sempre lembrar da máxima: “cada ponto vale à pena”.

Treinar como se fosse jogo
      Na hora dos exercícios, se concentrar o máximo para se manter nessa média acima de 80%. Isso é imprescindível. Cada ponto acima de 80% é um ganho considerável. É como em uma corrida ou natação olímpicas. Correr 100 metros em 20 segundos é praticamente impossível para pessoas destreinadas, atingível para atletas e totalmente lento para profissionais. Correr 100m em menos de 10 segundos já é para atletas de ponta. Daí para baixo, o record mundial está na casa dos décimos de segundo. Ou seja, o antigo record de 9,77s foi quebrado por menos de 20 milésimos/s. O corredor jamaicano Usain Bolt detém o record de homem mais rápido do mundo nos 100m rasos com a marca de 9.58 segundos. Dezenove milésimos a menos que o record anterior. No mundo dos concursos, essa dificuldade em baixar milésimos de segundo é a mesma de aumentar um ou dois pontos na nota. Assim, nas matérias onde geralmente acertamos 7/10, passarmos a acertar 9/10. Ou nas quais acertávamos 15/20, passarmos a acertar 18/20. A diferença é que o record que buscamos quebrar é o nosso próprio.

Anexo I
1º Colocado
D1 - Língua Portuguesa 20/20
D2 - Espanhol ou Inglês 09/10
D3 - Raciocínio Lógico-Quantitativo 19/20
D4 - Direito: Civil, Penal e Comercial 16/20

D5 - Direito: Constitucional e Administrativo 17/20
D6 - Direito Previdenciário 10/10
D7 - Direito Tributário 17/20
D8 - Comércio Internacional 08/10

D9 - Contabilidade Geral e Avançada 19/20
D10 - Auditoria 16/20
D11 - Administração Pública 08/10
D12 - Economia e Finanças Públicas 07/10
Discursivas: 187,00

427º Colocado
D1 - Língua Portuguesa 19/20
D2 - Espanhol ou Inglês 09/10
D3 - Raciocínio Lógico-Quantitativo 16/20
D4 - Direito: Civil, Penal e Comercial 17/20

D5 - Direito: Constitucional e Administrativo 14/20
D6 - Direito Previdenciário 08/10
D7 - Direito Tributário 12/20
D8 - Comércio Internacional 05/10

D9 - Contabilidade Geral e Avançada 18/20
D10 - Auditoria 13/20
D11 - Administração Pública 07/10
D12 - Economia e Finanças Públicas 04/10
Discursivas: 180,25

Anexo II


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Concurso de Analista/Técnico do INSS cada vez mais próximo

      É iminente a autorização para o concurso de analistas e técnicos do INSS. Longe de boatos para se vender jornal ou cursinhos, o fato é que, analisando o pedido, podemos constatar que faltam poucos passos para a autorização ser concedida. Fiz uma comparação com os passos da aprovação do concurso para auditor da Receita, e constatei que o lapso temporal que separa o último andamento antes do edital e o edital é de 5 meses. E o espaço entre a ASTEC/GM e a SEGES (Secretaria de Gestão) é de uma semana. Senão, vejamos:

AFRFB:
Data: 28/04/2009 Situação: EM TRÂMITE
Localização: DIVISÃO DE APOIO - SEGES

Data: 24/04/2009 Situação: EM TRÂMITE
Localização: DEPARTAMENTO DE MODERNIZAÇÃO INSTITUCIONAL - SEGES

Data: 24/04/2009 Situação: EM TRÂMITE
Localização: SECRETARIA DE GESTÃO - SEGES/MP

Data: 24/04/2009 Situação: EM TRÂMITE
Localização: SECRETARIA DE GESTÃO - SEGES/MP

Data: 22/04/2009 Situação: EM TRÂMITE
Localização: ASSESSORIA TÉCNICA E ADMINISTRATIVA - ASTEC/GM

Data: 22/04/2009 Situação: EM TRÂMITE
Localização: GABINETE DO MINISTRO - GM/MP

Data: 22/04/2009 Situação: EM TRÂMITE
Localização: CONSULTORIA JURÍDICA - MP

Data: 22/04/2009 Situação: EM TRÂMITE
Localização: GABINETE - CONJUR

O edital foi publicado dia 21/09/2010.

INSS:
Data: 21/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: ASSESSORIA TÉCNICA E ADMINISTRATIVA - ASTEC/GM

Data: 21/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: GABINETE DO MINISTRO - GM/MP

Data: 21/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: SECRETARIA EXECUTIVA - SE/MP

Data: 14/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: ASSESSORIA DA SECRETARIA EXECUTIVA - ASSES/SE

Data: 07/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: SE-EXECUTIVA20

Data: 07/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: SECRETARIA EXECUTIVA - SE/MP

Data: 06/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: GABINETE DO MINISTRO - GM/MP

Data: 06/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: CONSULTORIA JURÍDICA - MP

Data: 06/10/2010 Situação: EM TRÂMITE
Localização: GABINETE - CONJUR

Provável edital: 21 de março de 2011.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Iniciativa Privada: Ganhando como um AFRFB

    Entre servidores e professores de cursinhos preparatórios para concursos há uma frase que diz que "ninguém ficará milionário - honestamente - no serviço público." Já na iniciativa privada, as possibilidades são maiores. E as dificuldades, idem.
     Essa semana ouvi uma frase de meu gerente de vendas. Ele disse que "corretagem de imóveis é uma área em que você pode acordar a pé e ir dormir com um carro zero na garagem". Nada mais verdadeiro. De repente o céu conspira a seu favor e aparece lá um investidor querendo comprar uma área de alguns milhões de reais que você tem em seu banco de dados. A chance de isso acontecer? Creio que a cada 10.000 clientes atendidos, um tenha esse perfil. Aí tem que achar a menina dos olhos  que ele vai investir, apresentá-la in loco, ele gostar, combinar comissão, prazos, meios de pagamentos, tirar certidões, e torcer para tudo dar certo. E, como sabemos, "quanto maior o poder, maior a responsabilidade" (já dizia Benjamin Parker). Assim, a cada certidão negativa não expedida, uma úlcera nova estouraria no estômago. Afinal de contas, a dor de ouvir "deixa esse negócio enrolado pra lá" e ver uma comissão de 70 ou 80 mil reais voando, deve se assemelhar a uma reprova no concurso.
     Mas, as chances de se fazer uma venda em que se receba uma comissão de 9 ou 10 mil reais, são maiores. E esse valor se assemelha muito ao valor do subsídio líquido inicial de AFRFB. Porém com muito mais dor de cabeça, preocupação, estresse e trabalho. Ainda mais por nada ser garantido. De repente o comprador desiste do imóvel e ficamos a ver navios, sem nem a justiça garantir nossos honorários.
     Por isso que, apesar de não nos tornarmos milionários no serviço público, ao menos teremos uma vida com mais estabilidade, menos preocupações com metas, sem ter que matar um leão por dia para garantir uma renda mensal.

*****

     Esses dias eu até estava fazendo umas contas. Embora no serviço público não fiquemos milionários, ele nos proporciona meios de buscar a riqueza na iniciativa privada. Eu, por exemplo, com um subsídio garantido de 9 mil reais líquidos, usaria em torno de 4 mil reais/mês para os gastos correntes. Os 5 mil restantes juntaria e investiria em construção e revenda de casas populares. Em 10 meses compra-se um terreno de 30 mil reais, constroi-se uma casa de 60m² e revende por 130 mil  depois de pronta, com o subsídio e as facilidades do my house my life. E assim vai...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Entrevista com o presidente do sindicato nacional dos AFRFB

Receita Federal: veja entrevista com presidente do Sindifisco

Projeto de vida para muitas pessoas, o ingresso no cargo de auditor-fiscal da Receita Federal exige muita dedicação aos estudos e perseverança. E segundo afirmou, em entrevista à FOLHA DIRIGIDA, o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), Pedro Delarue, aqueles que alcançam o objetivo são premiados com uma carreira gratificante, sobretudo do ponto de vista das oportunidades de trabalho. "A carreira é altamente compensadora nesse sentido. Não tem um ramo apenas para se trabalhar. Têm várias áreas onde a pessoa pode desempenhar a sua melhor aptidão", disse.

Delarue falou também sobre questões importantes para a categoria, como a implementação da Lei Orgânica do Fisco (LOF) e a expectativa da retomada dos concursos periódicos da Receita Federal. "Acho que os concursos deveriam ser anuais, ou pelo menos a cada dois anos, para, no mínimo, suprir a falta daqueles que estão se aposentando", avaliou o sindicalista, afirmando que há necessidade de mais auditores em diversas areas

FOLHA DIRIGIDA - Qual a importância do trabalho realizado pelos auditores-fiscais da Receita Federal?
- O auditor-fiscal interpreta a legislação tributária, participa da formulação da política tributária, fiscaliza o correto cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes, eventualmente dirimindo dúvidas do contribuinte quanto à interpretação da legislação, e também fiscalizando e aplicando as devidas sansões caso ele não tenha cumprido com suas obrigações. Na área aduaneira, o auditor realiza o controle do fluxo de mercadorias nas fronteiras, portos e aeroportos.

FOLHA DIRIGIDA - E qual o peso desse trabalho no desenvolvimento do país?
- É fundamental. Para se ter uma idéia, a Constituição prevê a administração tributária como essencial ao funcionamento do Estado. Fazendo uma comparação, o Ministério Público e o Judiciário são essenciais ao funcionamento da Justiça. E a Justiça é só um dos braços do Estado. A fiscalização tributária é considerada pela própria Constituição essencial ao funcionamento de todo o Estado, não apenas da Justiça. Então, sem a fiscalização, o país não trabalha, não funciona, não sobrevive.

FOLHA DIRIGIDA - O senhor acredita que os auditores são valorizados de acordo com esse papel importante que eles possuem?
- Ainda não chegamos no grau de valorização que pretendemos. Mas é preciso reconhecer que no passado recente nós tivemos uma boa valorização. Mas ainda não chegamos lá.

FOLHA DIRIGIDA - Em geral, a preparação para ingressar no cargo de auditor-fiscal precisa ser muito rigorosa. É uma caminhada árdua. A carreira possibilita um retorno de tudo o que é investido?
- A pessoa para ser um auditor-fiscal tem que ter conhecimento sobre vários ramos. Não é só Direito, só Contabilidade, só Economia. Tem que se aprofundar em vários ramos do conhecimento humano. Tanto é que ela é aberta a todos os profissionais que tenham o nível superior. Então, é uma carreira que é compensadora também sob esse aspecto. Eu, por exemplo, sou engenheiro. A carreira é altamente compensadora nesse sentido. Não tem um ramo apenas para se trabalhar. Tem a fiscalização, que exige mais Contabilidade; a tributação, que exige mais conhecimento de Direito; a aduana, que exige mais uma formação de poder de polícia. Tem a repressão, por exemplo, que é o combate ao contrabando e ao descaminho, e até mesmo ao tráfico. Têm várias áreas onde a pessoa pode desempenhar a sua melhor aptidão.

FOLHA DIRIGIDA - E como é a distribuição dos auditores por essas áreas? É de acordo com a formação ou quando eles ingressam fazem uma escolha e é feita uma preparação?
- Normalmente, o que acontece hoje na Receita é que as pessoas que ingressam vão para os lugares mais distantes, mas inóspitos, e onde falta mais gente, que são as fronteiras. E depois de alguns anos, quando uma outra turma chega, essas pessoas vão para os centros maiores. E aí sim, conforme a disponibilidade que houver na delegacia para onde a pessoa vai, ela vai poder escolher a área para a qual tem maior aptidão.

FOLHA DIRIGIDA - É possível definir um perfil que a pessoa deve ter para ser um auditor-fiscal da Receita?
- A pessoa tem que saber que serviço público é uma entrega. Ela vai exercer uma opção de ser um servidor público e não de se servir do público. Ao final, ela vai ter uma aposentadoria garantida e uma série de benefícios, que vão fazer com que ele tenha uma vida tranqüila. Mas ninguém entre no serviço público achando que vai ficar milionário.

FOLHA DIRIGIDA - E existe realmente um glamour, um deslumbramento com relação ao cargo de auditor-fiscal, por ser uma das carreiras mais bem pagas do Executivo federal. Mas é, então, uma carreira, sobretudo, de muito trabalho?
- Muito trabalho, muita entrega. E também de riscos, tanto do ponto de vista físico, porque lidamos muitas vezes com a bandidagem, quanto do ponto de vista funcional, porque podemos tomar decisões em determinados momentos da nossa carreira que envolvem milhões, até bilhões de reais. Então, esse é o glamour, o poder de decisão que se tem para ir, por exemplo, em uma grande empresa e sair de lá com um crédito tributário, que a empresa estaria tentando sonegar, que pode chegar a bilhões de reais. É gratificante o tipo de trabalho que nós fazemos.

FOLHA DIRIGIDA - Mas tem alguma característica fundamental que a pessoa tem que ter? Ou qualquer pessoa pode se adequar e se tornar um auditor-fiscal da Receita?
- Qualquer pessoa que entenda que o serviço público é praticamente um sacerdócio e tenha força de vontade, tendo o nível superior, pode ser auditor-fiscal.

FOLHA DIRIGIDA - E quanto à preparação? O senhor já passou por isso. Que sugestões o senhor dá para quem sonha ser um auditor-fiscal da Receita?
- Quando eu comecei a me preparar para o concurso de auditor-fiscal, a minha vida parou. Eu estudava até 16 horas por dia. Isso durante três meses. A quantidade de conhecimento exigido para uma prova de auditor-fiscal é muito grande, são muitas matérias. A pessoa tem realmente que se dedicar muito para conseguir passar. Até porque a concorrência é enorme e altamente qualificada. No meu caso, por exemplo, foram 16 horas de estudo diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Na verdade, foram dois meses sem essa pressão toda, e os últimos três meses nesse nível. Foram cinco meses de preparação exclusiva.

FOLHA DIRIGIDA - Uma preparação até breve, então? Há muitos casos em que o período de estudos se estendeu por muito mais tempo. Por anos, às vezes.
- É uma outra opção. A pessoa pode se preparar durante anos sem esse aprofundamento todo. Mas eu aconselho que nos últimos meses, de qualquer forma, se faça uma imersão.


FOLHA DIRIGIDA - E há a expectativa de retomada dos concursos para a Receita Federal. O senhor aconselha que as pessoas interessadas já comecem a estudar e que façam esse aprofundamento após a publicação do edital?
- Muitas vezes se começa a estudar sem a perspectiva de ter o concurso logo a frente. E eu acho que é importante, porque a pessoa, inclusive, vai treinando para o de auditor-fiscal em outros concursos, com menor grau de dificuldade. Até porque é importante se acostumar com a prova. Fazer outras provas para entender a lógica da prova de múltipla escolha.

FOLHA DIRIGIDA - No caso dessas pessoas que estão se preparando há muito tempo, o que elas podem fazer para não se desmotivarem?
- Acho que principalmente a pessoa tem que ter a certeza de que persistindo ela vai conseguir. É comum que a pessoa passe no segundo ou terceiro concurso que presta. Por isso, inclusive, eu aconselho a fazer outros concursos para elevar a autoestima, saber que está bem preparado e que pode passar para um cargo difícil como o de auditor-fiscal.

FOLHA DIRIGIDA - Falando um pouco sobre temas importantes para a categoria, está sendo discutida a Lei Orgânica do Fisco (LOF). O que é e que benefícios a LOF vai trazer a partir da sua implementação?
- A Lei Orgânica do Fisco tem que ser entendida como um benefício não para o auditor-fiscal e não apenas para a Receita Federal. É um benefício para toda a sociedade. Uma das principais novidades da Lei Orgânica é que ela traz algumas prerrogativas importantes para o desempenho do cargo. Em um cargo tão importante quanto o de auditor-fiscal é necessário ter determinadas garantias, de que não haverá pressões de ordem política ou de alguns setores poderosos economicamente para que se haja de uma forma ou de outra. O auditor tem que agir de acordo com as suas convicções pessoais. E isso não admite, em benefício da sociedade, nenhuma espécie de pressão externa. Então, a Lei Orgânica traz determinadas garantias e prerrogativas tanto para a Receita Federal quanto para o auditor-fiscal, de que ele vai estar imune a essas pressões políticas e do poder econômico.

FOLHA DIRIGIDA - De que forma ela traz essas garantias?
- Por exemplo, ela textualmente diz que o auditor-fiscal tem liberdade de convicção. Ou seja, uma vez que ele se convence de determinada coisa, ele vai até o fim com aquilo. E é claro, o contribuinte vai ter oportunidade de, lá na frente, contestar isso, seja na própria administração, através das delegacias de julgamento, seja no Judiciário. O auditor-fiscal, na sua convicção, só está preso à lei e àquelas normas que são de caráter vinculante na administração. Então, ninguém pode interferir, intervir no trabalho do auditor-fiscal. Por outro lado, e aí é o contrapeso, na questão da Corregedoria, por exemplo, há sanções disciplinares para a prevenção do enriquecimento ilícito, da corrupção, que são maiores do que as que existem hoje no Regime Jurídico Único. Então, assim como há o reconhecimento do poder decisório do auditor-fiscal, da sua autonomia para o desempenho da função, há também o contrapeso, que são regras que previnem quanto a desvios funcionais.

FOLHA DIRIGIDA - E dentro dessa Lei Orgânica, quais são os principais pontos no sentido da valorização da carreira?
- É essa questão do livre convencimento, o reconhecimento expresso de que o auditor-fiscal é a autoridade administrativa dentro da Receita Federal, que é responsável pelo lançamento do crédito tributário; a questão do livre acesso a estabelecimentos comerciais e industriais, porque sem ter o livre acesso, perde-se o flagrante. O auditor não pode ficar sujeito a ser barrado na porta ou a ter que avisar com dias de antecedência qual a hora que ele vai chegar, porque aí o flagrante vai embora. Têm vários pontos da Lei Orgânica que tratam da valorização. Mas não é só a valorização do auditor. Mais do que isso, é preciso entender a Lei Orgânica como um instrumento de trabalho, que vai dar ao auditor não poder, mas as condições de exercer a sua função em nome da sociedade.

FOLHA DIRIGIDA - Mas há alguma tipo de valorização do ponto de vista financeiro, com benefícios, entre outros?
- Não. A Lei Orgânica não é para tratar de salário. O salário é em decorrência do nosso trabalho. Do bom trabalho que fazemos. A Lei Orgânica trata da melhoria das condições para podermos trabalhar. E não da melhoria das nossas condições financeiras. Isso é uma decorrência.

FOLHA DIRIGIDA - Voltando a expectativa de retomada dos concursos periódicos por parte da Receita, o Sindifisco Nacional tem feito cobranças nesse sentido?
- É evidente que as nossas fronteiras não estão suficientemente guarnecidas. Precisamos de auditores-fiscais para ocupar esses postos. Então, defendemos sim que haja concursos freqüentes para auditor, até para que o pessoal que entrou no concurso anterior não fique quatro, cinco anos (longe dos grandes centros), como ficaram esses do penúltimo concurso (de 2005). É preciso que haja uma troca, uma oxigenação. Acho que os concursos deveriam ser anuais, ou pelo menos a cada dois anos, para, no mínimo, suprir a falta daqueles que estão se aposentando. Nós somos 12.500 auditores hoje na ativa. É difícil dizer se isso é muito ou é pouco. Mas, com certeza, é preciso haver uma oxigenação. Muitos se aposentam anualmente e, no mínimo, esse quantitativo tem que ser reposto.

FOLHA DIRIGIDA - E em quais áreas há uma carência explícita de auditores?
- Nós temos carência de auditores em várias áreas. Mas para efeito de concurso especificamente, as regiões onde há maior carência são as Sul e Norte. As fronteiras com a Argentina, Paraguai, Colômbia, Venezuela, os portos e aeroportos de uma forma geral. E tem uma coisa importante. Estamos lutando por um adicional de localidade inóspita. Então, para as pessoas que vão para esses lugares, até como incentivo para irem, como uma espécie de indenização por estarem ocupando esse cargo em locais tão inóspitos, nós temos esse projeto, que está previsto na Lei Orgânica, para elas receberem 10, 15 ou 20% sobre o subsídio, dependendo do grau de dificuldade de morar naquela cidade.

FOLHA DIRIGIDA - E é uma forma também de não haver uma evasão tão grande quando for aberta a possibilidade de remoção?
- Exatamente. É para podermos ocupar as fronteiras. Isso está sendo encaminhado na Lei Orgânica e também está sendo estudado em outras legislações que estão sendo negociadas com o Poder Executivo.

FOLHA DIRIGIDA - A expectativa é de que a Lei Orgânica do Fisco possa ser aprovada até quando?
- Ela está no Ministério da Fazenda. Está aguardando a aprovação e nós acreditamos que depois das eleições, ela saia do ministério. E ainda vai percorrer um caminho pelo Ministério do Planejamento, Casa Civil, e dali para o Congresso Nacional. A nossa expectativa era até o fim do ano, mas acho que não vai ser mais possível. Acredito que no primeiro semestre do ano que vem poderemos ter uma Lei Orgânica no Congresso Nacional.

Fonte: Folha Dirigida
Créditos pela notícia: user rborges do FC

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O desapego material

   Nessa semana aconteceu o sorteio do segundo maior prêmio da história das loterias no Brasil, um total de quase R$ 120 milhões de reais. Discussões sobre a lisura do sorteio à parte, o fato é que uma soma dessas faz a gente - pobres mortais - sonhar alto. Embora para algumas pessoas essa soma seja insignificante (o Eike Batista, por exemplo, declarou no programa Roda Viva da TV Cultura que fez um cheque de R$ 670 milhões para pagar seu IR), para a população maciça é uma grana que muda a vida. 
     Eu comecei a pensar em que eu faria e deixaria de fazer. Claro que tiraria alguns meses de férias, mas, eu acho que voltaria a estudar para concurso. Sei que pode parecer um certo ufanismo por esse cargo, mas o fato é que a vida de milionário deve cansar. Enfim, alguns concordarão, muitos discordarão, mas é assim que penso. Eu voltaria a estudar após alguns meses e voltaria com força. Primeiro compraria todos os cursos disponíveis. Segundo, estudaria sem nenhuma preocupação com a próxima venda ou com a próxima fatura do cartão de crédito. E terceiro, iria para a prova sossegado, de helicóptero, quem sabe, e me hospedaria num hotel 5 estrelas com massagistas catarinenses e gaúchas rs.
     Brincadeiras à parte, o ponto desse post é a respeito do (des)apego que alguns concurseiros têm pelo material de estudo. Primeiro, compram uma boa quantidade de livros. Após a empolgação inicial com a grande caixa recém-chegada dos Correios, abrem cuidadosamente o lacre e os colocam, ou melhor, os "repousam eternamente em berço esplêndido". A estante, no caso, faz as vezes de berço. Na hora do estudo, folheiam cada página como se estivessem folheando o original da carta de Pero Vaz de Caminha, só faltam colocar luva.  Livro de estudo é livro de estudo. E estudar é riscar, anotar, escrever nas entrelinhas, puxar setas, linhas, colar marcadores, enfiar folhas avulsas com anotações... Tratá-lo diferentemente, é como comprar um perfume e ficar com dó de usá-lo até ele passar da data de validade.
     Mas o pior ainda é o depois. A pessoa estuda, tratando o livro como filho único, e passa no concurso dos sonhos. Ótimo! Estabilidade, bom salário, segurança, nunca mais pensar em concursos pro resto da vida.... Aí vem o detalhe, vou repetir: nunca mais pensar em concursos pro resto da vida. E, juntando tudo isso, o que a pessoa faz? Ou ela guarda os livros para a posteridade ou então decide vendê-los a um precinho módico aos colegas concurseiros. Ora! O cara acabou de passar num concurso que vai pagar mais de 10 mil reais por mês e faz questão de recuperar 40 ou 50 reais gasto em cada livro?! Nem sei o que é isso. Se é muito apego ao material ou ao dinheiro. Por isso já deixo meu propósito escrito: assim que eu passar e for nomeado AFRFB, a primeira coisa que farei nesse blog será doar TODOS meus livros. Obviamente que alguns já estarão defasados até lá, porém sempre há alguém que possa se aproveitar de uma parte ou outra. E para ser o mais justo possível, a doação será através de sorteio.

     Claro que não mudarei a forma dos aprovados pensarem, mas essa é a minha.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Concurseiro Profissional

     Dia desses, em um dos intervalos de meus estudos, parei para refletir. Comecei a pensar em diversas coisas; contas para pagar, imóveis para captar, vendas perdidas e, claro, concursos. E tudo mais que os rodeiam. Aí uma coisa me veio à cabeça. É fato notório que os concursos viraram, e continuam evoluindo, uma grande indústria. E o mais interessante nisso é que, como em toda indústria - em sua concepção ampla, há os benefícios e problemas inerentes a ela. Dessa forma, assim como a indústria audiovisual e fonográfica sofre com o problema da pirataria, a indústria dos concursos, ou melhor, dos cursos para concursos, vem sofrendo com o mesmo problema. 
     Por outro lado, comecei a pensar. Quanto vale hoje uma "opinião sincera" de um aprovado? Muitos iniciantes, ou mesmo os que já vem batalhando uma vaga, se espelham nas opiniões, conselhos e bibliografias indicadas pelos aprovados. Sejam eles os primeiros ou os últimos colocados. Independente disso, são aprovados e concurseiros de sucesso. E não há nada de errado nisso. Eu já fiz e faço até hoje, lendo entrevistas e até mesmo comprando uma ou outra bibliografia ou curso indicados.
     Dessa forma, me veio a ideia - até o momento ainda não implementada por ninguém, sabe-se lá por quê - de surgirem os concurseiros profissionais, em sua acepção mais denotativa. Distante daquele sujeito que só estuda e se autodenomina profissional, este poderia até trabalhar e estudar, porém o faria através única e exclusivamente através do material didático de determinado curso/site. Isso com o material e um auxílio mensal subsidiado pela empresa, além do custeio das taxas de inscrição e possíveis diárias de hotel e transporte no dia da prova. Seria algo como uma preparação/patrocínio de atletas de ponta. O que não deixa de ter uma correlação com os concurseiros - verdadeiros atletas mentais - de ponta. Em troca, a empresa veria todo seu material sendo posto à prova, literalmente. E, claro, teria todos os direitos de imagem e depoimentos dos então aprovados.
     Claro que isso prejudicaria - ou, na pior das hipóteses, apenas faria transparente - as hoje tidas como imparciais opiniões de aprovados.

     O que acha da ideia? Particularmente, se alguma empresa se animar, pode mandar meu bonezinho com a logomarca rs.