quarta-feira, 11 de abril de 2012

Uma doce-amarga coincidência

     Há um tempo escrevi sobre nadar e morrer na praia. Naquele post eu me referia aos candidatos do concurso da Receita de 2009, no qual 24 questões nas objetivas e 7 pontos na discursivas separaram o primeiro do último colocado, em um universo de 427 aprovados (sem contar os excedentes). Dei especial ênfase à importãncia que um pontinho tem nesses concursos top. Parecia um prenúncio do que eu viveria.
     Quando eu comecei a estudar para concursos, eu tinha em mente uma idéia de passar com o mínimo de esforço. Não digo estudando pouco, mas sim gastando pouco e tendo um retorno rápido. Via alguns colegas dizendo em entrevistas que haviam gasto milhares de reais em preparação, que tinham "batido na trave" algumas vezes antes de entrar, que estudavam por livros - em vez das famosas apostilas -, e achava tudo aquilo um exagero. Pensava comigo: ah, não acho que precise tanto. Errei feio. Hoje vejo o quanto já gastei em preparação, transporte para provas, livros, videoaulas, revistas, tempo, livros... E o ponto alto da história foi ter "batido na trave" no concurso do Senado.
     Assim como naquele post de 2010, uma questãozinha frustrou minhas espectativas de multiplicar por 10 meu salário mensal. Por um lado, uma leve frustração. Por outro, um sabor agridoce de vitória pessoal. Foram 23 mil candidatos inscritos. Supondo uma abstenção de 10%, arredondemos para 20 mil participantes. O resultado preliminar mostra que superei 19.600 candidatos. Mais do que isso, superei o facão das provas de inglês, português e o famigerado "conhecimentos gerais" (que nessa prova englobou de tudo um pouco). Mas infelizmente não foi o suficiente. A nota de corte foi 91 pontos e minha nota 90. Isso para ter a chance de ter a prova discursiva corrigida. Para, quem sabe, dar uma de Gisele Sulsbach e pular centenas de posições. Seria um sonho. Não fosse essa determinação de corrigir apenas 10x o número de vagas para o cargo. O resultado não é oficial ainda, mas é quase. Como acredito que na vida tudo pode acontecer (inclusive nada), sigo com meu trabalho, tentando retomar a rotina rumo à RFB, e vendo o que vai dar. No fundo fica aquele pensamento "e se eu tivesse lido mais uma vez? estudado mais um pouquinho? feito a redação 10 minutos mais rápido e revisado 'aquela' questãozinha que errei de bobeira? e se...?". Fica também o pensamento  de que pode haver uma reviravolta, uma mudança de gabarito de última hora, um ajuste... quem sabe essa lista esteja errada? vai que... enfim. De certo mesmo, fica apenas a certeza de que estou no caminho certo. Investindo, colhendo aos poucos os frutos dessa terra árida e batendo na trave. Para quem sabe um dia a bola entrar.

sábado, 31 de março de 2012

Uma semana em meu primeiro emprego público

     Essa foi a minha primeira semana em um emprego público. De fato, considero - inclusive - como meu primeiro emprego com carteira assinada. Meu "primeiro" registro durou pouco mais de um mês e foi em uma empresa que - apesar do médio porte - colocava seus empregados para almoçar atrás de um balcão, onde os clientes ficavam com uma visão parcial do momento de descanso. Após essa, vieram algumas outras. Que só me fizeram ter mais vontade de sair daquela vida...
     Trabalhei um tempo com vendas de lançamentos imobiliários. Com alguns livros misto de técnicas de vendas com autoajuda, saí seguindo aquela receitinha de prospectar clientes, agendar horário, apresentar o produto, vender, ganhar a comissão e partir para a próxima venda. Uau. Tudo muito lindo e compensador. Na teoria. Na prática, fui "acompanhar" um vendedor (não era corretor, pois tinha uns 22 anos de idade e estava sem Creci. A idade não tem nada a ver, foi apenas uma informação ;). No primeiro dia, após uma reunião que saiu do nada e foi parar em lugar algum (o que, aliás, é muito comum nesse ramo), fui orientado a seguir o tal vendedor. Saímos na rua e, para meu espanto, o mesmo me pergunta: -e aí, onde vamos? Pow, como assim, "onde vamos?!" - pensei comigo. Apenas respondi que ele que sabia e que eu estava apenas observando e "aprendendo". E lá fomos nós, andando sem rumo, batendo de porta em porta nos consultórios médicos, tentando em vão "agendar 5 minutinhos da atenção do dotor pra apresentar uns lançamentos". E assim foi. Um dia, uma semana, um mês, dois meses... apenas gastando. Apenas investindo o pouquinho de dinheiro que me sobrara de outros tempos. Quem tem filho pequeno e esposa, sabe o que é ficar sem dinheiro. Certa vez, parei no meio da rua e pensei comigo... essa vida não é para mim. Preciso de algo novo, de um fixo. E lá fui eu voltar para outra imobiliária, voltar para locação...
     Nessa nova imobiliária, consegui certa estabilidade. Não ganhava nada fixo. Era um jogo de poker, como toda corretagem. Há os que ganham muito, mas há os que passam necessidades. Fiquei um ano e meio, até ser contratado na Caixa. E chegou em uma hora extremamente conveniente. Os ciclo das vendas está em um patamar baixo. Pode ser que um dia aumente novamente, mas ninguém sabe quando. E isso reflete nos negócios, reflete nos salários e reflete nas amizades. O ser humano realmente mostra ser quem é quando se sente acuado e ameaçado. Trabalhava das 9 as 18h, fazendo um almoço em 15 minutos. Sábado, domingo... Saia andando no sol, de portaria em portaria de edifícios perguntando se ali havia alguma unidade à venda. Era barrado na portaria de edifícios por outro colega ter esquecido de pegar a autorização. Era obrigado a ouvir desaforos de cliente e relevar e ainda concordar. Afinal de contas, cliente sempre tem razão e se perdê-lo, pode ser que perca o salário do mês. Contas atrasando. Crefito cobrando judicialmente as mensalidades não pagas. Empresa dá o celular 'corporativo' mas cobra todas suas ligações, inclusive as corporativas. Empresa tem um refeitório mas cobra o seu almoço. Patrão dá com uma mão e tira com as duas. Concede uma vantagem mas tira um benefício. Coloca um patamar de ganho para ele e o empregado que se vire para conseguir o seu. Diz na sua cara que se quiser ganhar mais, que trabalhe mais. Se está entrando as 9, que comece entrar às 6. Se está saindo às 18, que saia às 20. Fácil assim. 
     Quando minha convocação chegou, meu copo já estava cheio. Foi a gota final para transbordar. Fiz os exames médicos e ao sair a convocação para o curso, a alegria foi incomensurável. Era tudo o que eu sempre queria, havia esperado 2 anos por essa convocação. Eu tinha certeza na prova que iria passar, embora tivesse passado distante (110º). Mas sabia que iria ser chamado, uma hora ou outra. Após duas semanas de curso de integração, comecei finalmente na agência. E não poderia ter sido mais perfeito. Fiquei em uma agência a apenas 300 metros de onde já trabalhava como corretor. Nem minha rotina mudou. Mas as coincidências pararam por aí. A começar pelo ambiente de trabalho, é tudo o extremo do que eu estava acostumado. Não há uma concorrência e sim uma ajuda mútua. Todos, desde o mais alto cargo até eu, que comecei essa semana, somos empregados. É muito bom ter o povo como patrão. E é um patrão que paga no dia certo, na hora exata, a quantia exata de seu merecimento. Até me surpreendi ao já receber dia 20 (tendo sido contratado no dia 12), o salário proporcional. Fiquei surpreso também ao receber ontem meu cartão alimentação no valor do mês passado completo. Saber que terei férias, 13º, FGTS, plano de saúde, tempo, qualidade de vida... não há valor nenhum de comissão que pague a tranquilidade mental de trabalhar e ter seu emprego garantido. Valeu à pena,
     Mas ainda não é o fim da minha carreira concurseira. Tenho um longo caminho ainda até o objetivo final que - no momento - é a Receita. Mas, por enquanto, já estou realizado. Essa semana terminou o tempo em que eu apenas sobrevivia para começar o tempo em que eu passarei a viver.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

E sai, finalmente, minha convocação para a CAIXA!

     Primeiramente, desculpe aos leitores pelo looooongo período de ausência. As correrias do dia a dia, somadas com os editais pululantes, minam meu tempo extra de alimentar o blog. As boas novas são que hoje saiu minha convocação para a CAIXA do concurso de 2010. UFA.... durante esses dois anos praticamente matei um leão por dia como corretor, mergulhado em incertezas, apenas com a certeza de que as contas não esperam... Meu primeiro emprego público. A partir de agora é daí para cima. No finalzinho de 2011 desviei um pouco o foco da Receita (que tá caminhando para mais quatro anos sem concurso, assim como em 2005 a 2009) e foquei no Senado. Teoricamente menos matérias, mais palatáveis e um salário maior. Único "senão" é viver o resto da vida em Brasília. Enfim.... 
     Na medida do possível tentarei retornar aos posts rotineiros. Vamos ver os próximos capítulos.