quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Iniciativa Privada: Ganhando como um AFRFB

    Entre servidores e professores de cursinhos preparatórios para concursos há uma frase que diz que "ninguém ficará milionário - honestamente - no serviço público." Já na iniciativa privada, as possibilidades são maiores. E as dificuldades, idem.
     Essa semana ouvi uma frase de meu gerente de vendas. Ele disse que "corretagem de imóveis é uma área em que você pode acordar a pé e ir dormir com um carro zero na garagem". Nada mais verdadeiro. De repente o céu conspira a seu favor e aparece lá um investidor querendo comprar uma área de alguns milhões de reais que você tem em seu banco de dados. A chance de isso acontecer? Creio que a cada 10.000 clientes atendidos, um tenha esse perfil. Aí tem que achar a menina dos olhos  que ele vai investir, apresentá-la in loco, ele gostar, combinar comissão, prazos, meios de pagamentos, tirar certidões, e torcer para tudo dar certo. E, como sabemos, "quanto maior o poder, maior a responsabilidade" (já dizia Benjamin Parker). Assim, a cada certidão negativa não expedida, uma úlcera nova estouraria no estômago. Afinal de contas, a dor de ouvir "deixa esse negócio enrolado pra lá" e ver uma comissão de 70 ou 80 mil reais voando, deve se assemelhar a uma reprova no concurso.
     Mas, as chances de se fazer uma venda em que se receba uma comissão de 9 ou 10 mil reais, são maiores. E esse valor se assemelha muito ao valor do subsídio líquido inicial de AFRFB. Porém com muito mais dor de cabeça, preocupação, estresse e trabalho. Ainda mais por nada ser garantido. De repente o comprador desiste do imóvel e ficamos a ver navios, sem nem a justiça garantir nossos honorários.
     Por isso que, apesar de não nos tornarmos milionários no serviço público, ao menos teremos uma vida com mais estabilidade, menos preocupações com metas, sem ter que matar um leão por dia para garantir uma renda mensal.

*****

     Esses dias eu até estava fazendo umas contas. Embora no serviço público não fiquemos milionários, ele nos proporciona meios de buscar a riqueza na iniciativa privada. Eu, por exemplo, com um subsídio garantido de 9 mil reais líquidos, usaria em torno de 4 mil reais/mês para os gastos correntes. Os 5 mil restantes juntaria e investiria em construção e revenda de casas populares. Em 10 meses compra-se um terreno de 30 mil reais, constroi-se uma casa de 60m² e revende por 130 mil  depois de pronta, com o subsídio e as facilidades do my house my life. E assim vai...

3 comentários:

  1. Parece tentador, mas o emprego é uma merda.
    Primeiro porque a Contribuição Previdenciária e IRRF diminuem bastante o Valor Bruto.
    Depois você vai ter que trabalhar lá onde "judas perdeu as botas" e só Deus sabe quando vai voltar, porque não existem regras fixas e nem prazos fixos para a remoção.
    Pode ser neste século ou no próximo.
    Ninguém sabe nem como e nem quando.
    Se puder ficar na iniciativa privada fique.

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  2. Rsrsrs adorei seu senso de ironia. Forte abraços e volte sempre ;)

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  3. Com a edição da MP 507/2010 agora então é que o bicho pegou. O que já estava ruim ficou pior.
    Trabalhar e não se lembrar do que fez é crime e demissão sem direito a nada.
    Tem que ter muita disciplina para ficar o máximo de tempo parado. É dificil, mas a gente é obrigado e se acostuma.

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