terça-feira, 18 de maio de 2010

Experimentando o diferente

     Os dias foram se passando. Meu trabalho na academia como fisioterapeuta me rendia uma modesta quantia mensal e a esperança de dias melhores nunca morria. E assim minha motivação para 'tentar a sorte' em meu primeiro concurso só fazia aumentar. Após alguns dias de espera finalmente comprei a apostila que na minha imaginação abriria a porta do meu primeiro cargo público. Naquela época eu pensava apenas em meu mundo, em minha experiência. Achava que concorreria apenas com o pessoal da minha cidade e, mesmo assim, subestimava a capacidade do pessoal em acertar algumas questões - entre elas de inglês - idioma que eu considerava dominar.
     A apostila chegara com umas 500 páginas. Pensei comigo... "nossa, terei de ler 500 páginas pra passar no concurso? Bastante coisa" rs... ledo engano. Mas, enfim, foi esse o pensamento inicial. Comecei a ler algumas partes, pulando lingua portuguesa e inglês - "por já saber" e indo direto para a parte desconhecida como contabilidade, direito (um emaranhado de leis e códigos copiados e colados) e economia. Ou seja... lia e não fixava nada e focava em tópicos totalmente non-sense. Mas foi assim. Lembro que levava a apostila para cima e para baixo, estudando no consultório e nas horas vagas.
     E assim veio o dia da prova. Algumas semanas antes, eu descobrira que, na verdade, a apostila COMPLETA para o concurso não era uma. E sim CINCO volumes de 500 páginas cada um. Cada volume custando algo em torno de 50 reais. Dei uma desanimada, comprei mais um ou dois volumes e pensei que seria o suficiente. Eu evitava procurar maiores informações com concurseiros ou mesmo buscar fóruns para não desanimar encontrando pessoas mais bem preparadas do que eu.
     No dia da prova...
     Foram dois dias de neurônios pegando fogo. Lembro-me como se fosse hoje. Eu arrumando as coisas na véspera, canetas, chocolate, lápis, tudo ok. Naquela época estava entrando a novidade da H2O, bebida gaseificada da Pepsico que ainda era comercializada como água. Passei na lanchonete, comprei uma e fui animado prestar a prova matinal. No meio da prova, ao abrir a água, espirrou e deu uma pequena manchada na folha de gabarito. Aquilo me gelou. Quase coloquei tudo a perder por uma trapalhada. Consegui secar com a camiseta (rs) e no fim deu tudo certo.
     As provas correram tudo ok. Saí da P1 confiante, da P2 desanimado e da P3 arrasado. Convivi pela primeira vez com os procedimentos de um concurso, com a falta de organização em alguns pontos e com detalhes que "pessoas de fora" não se dão conta, como a falta de um relógio ou de uma caneta reserva.
     Após o tempo previsto veio a nota final. Como esperado, não passei, porém um fato mudou a maneira como eu enxergaria o mundo dos concursos: Na P1 tirei 56 pontos, na P2 35 e na P3 25. Depois soube que muita gente boa tinha sido reprovada na P1, a qual eu, um mero fisioterapeuta, da área da saúde, que não era simpatizante da leitura, conseguiu fazer os mínimos. Pensei comigo: "puxa vida! Sem nunca haver lido direitos, contabilidades, economia, administração etc... quase fiz os mínimos e passei, imagina se tivesse estudado de verdade!".
      O fato era que a prova de 2006 para a Sefaz/SP tinha sido atípica, como pude constatar depois. Ou seja, foi uma prova pós-AFRF-2005 com uma enorme quantidade de vagas, e que fez "a fila andar" e a nota de corte ter sido em torno de 56%. Apesar da falsa ilusão, isso me motivou a encarar o desafio, embora soubesse que outro concurso daquele só dali 4 anos...

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