terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sobre os excedentes

     Porque quando a farinha é pouca, o meu pirão primeiro.


      Conforme escrevi nesse blog há um tempo, o tópico mais movimentado de todo o Fórum Concurseiros é o que trata sobre a possível prorrogação da validade do último concurso para a Receita. Essa semana o tópico atingiu a marca de 200 mil visualizações e quase 900 posts. São números que denotam o grande interesse e as torcidas (a favor e contra) pela prorrogação da validade do concurso e consequente convocação dos excedentes.
     Como em todas áreas da vida em que o princípio econômico da escassez se faz presente, essa torcida acaba por expor algumas facetas do ser humano na competição. Alguns angustiados por sentirem a oportunidade de serem chamados cada dia mais próximo de um possível fim; outros, ansiosos pela contagem regressiva terminar e não prorrogarem o certame, na esperança de que assim o próximo concurso virá mais cedo e com 50% a mais de vagas.
     Não acredito, sinceramente, que caso não chamem os 50% excedentes, essas vagas acumular-se-ão para o próximo concurso. Há alguns cenários obscuros sobre o futuro. Apesar das recentes declarações da equipe econômica do novo governo sinalizarem para um freio nos gastos, é sabido que a Receita é um caso à parte. Basta olhar para um passado recente e ver que em 2002 (primeiro ano do governo Lula, mudança geral, transição e o Brasil como epicentro de uma crise financeira mundial pela instabilidade de um governo inédito do PT) foram feitos dois concursos e em 2005 (último ano do primeiro mandato, incerteza sobre a continuidade) foi feito o maior concurso dos últimos anos com 1000 vagas para auditor.
     Dessa forma, a Receita sempre se manteve meio alheia às conjunturas que poderiam frear um concurso. Somem-se a isso, as recentes pressões dos sindicatos pela melhoria na qualidade laboral dos servidores e as frequentes reportagens que atestam a falta de servidores nas mais diversas localidades; de inóspitas fronteiras a grandes centros de combate a crimes tributários nas capitais.
     Por isso, acredito que chamando ou não os excedentes as vagas virão para os 400 500 ou, quem sabe, 1.000 mais bem preparados. Torcida contra de nada adianta. E, infelizmente, torcida a favor também. Não sou excedente, imagino a angústia diária de quem seja, mas, caso fosse, eu não ficaria perdendo tempo em fóruns, comunidades etc cavucando cada informação. Estaria mantendo firme uma rotina de estudos. Caso fosse chamado, teria mais conhecimento. Caso não fosse, continuaria no ritmo para o próximo concurso. O que não pode é desistir do sonho.
     Para nós, concurseiros, não adianta resmungar, reclamar, xingar a banca, o governo, a prova, o sistema... Nada disso irá mudar. Não somos donos da caneta que assina os processos, mas somos donos e senhores de nosso destino. E apenas do nosso.

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